Perdida, confusa, desencaixada, desconectada



SE IDENTIFICOU COM ALGUMA DESSAS PALAVRAS?

Eu sei como é...


Eu já me senti confusa e perdida por diversos momentos da minha vida, principalmente no âmbito profissional: o modelo de trabalho não é ideal pra mim, o que estou fazendo não ressoa com meu propósito de vida, o que eu amava antes hoje é tedioso, esse trabalho fere os meus valores pessoais e por aí vai...

Para piorar a situação essas questões internas sempre pareciam ser reclamações sem fundamento, frescuras, o famoso mimimi e assim ia levando a situação até o completo esgotamento.  


O que sempre me ajudou e que pode ajudar você também


Talvez você esteja esperando uma resposta super milagrosa, um remédio que a gente toma e imediatamente se cura...  Pois é...  Sinto muito por desapontar. O que sempre me ajudou foi olhar para mim mesma com mais atenção: o tal do autoconhecimento.


Eu trabalhei em empresas no formato corporativo. Saia do escritório quando já era noite e tão esgotada que eu só pensava em cair na cama, sem janta, sem banho, sem pijama, sem nada. Só cair na cama mesmo.  Na época eu não entendia como as pessoas ainda tinham energia para happy hour, academia, corrida no parque. Eu só queria capotar porque no outro dia tinha que voltar para a "masmorra".  


Hoje entendo... No processo de autoconhecimento, vi o quanto sou e sempre fui introvertida. Eu não estava respeitando uma característica primordial pra mim: a introversão. Estava buscando me curar disso (um absurdo total!).  Agora pensa comigo:  Faz algum sentido uma pessoa introvertida trabalhar 100% do seu tempo em um ambiente que todas as pessoas trabalham numa mesma sala?  Até havia uma divisão em espaços de trabalho, mas do meu lugar eu podia enxergar todos os outros colaboradores que estavam na sala. Era totalmente contra produtivo  para mim.  Para ajudar a rotina era cheia de ligações e reuniões intermináveis. No fim do dia eu estava completamente esgotada e sentia que tinha desperdiçado todo meu potencial em algo que não iria levar a nada...


Depois que fiz a transição de carreira (ainda não me enxergava e muito menos me aceitava como introvertida) pensei que tudo daria certo e finalmente encontraria a felicidade ao trabalhar... Não foi bem assim... Comecei a trabalhar com o que eu amava - fotografia - e parecia que eu não amava mais nada na vida. Eu não estava preparada para lidar com a parte chata do negócio.  Virei uma escrava do Instagram: poste conteúdos relevantes, apareça nos stories 20 vezes por dia, mostre como você pode ajudar seus clientes, você tem que ser especialista, persuasiva, comunicativa, tem que prospectar 10 novos clientes todos os dias, faça vídeos, envie áudios no DM...  Socorro!  Eu adoro o Instagram, acho que vou muito melhor me comunicando pela plataforma do que ao vivo, no um a um; mas o "ter que fazer" acaba comigo. Era tudo tão repetitivo, tão incisivo, tão sem noção...  Como eu poderia inspirar alguém se eu estava totalmente sem inspiração?


Mais uma vez tive que olhar para mim. O autoconhecimento não acaba nunca! Mesmo!


Foi neste contexto que percebi outra característica minha que estava sendo totalmente negligenciada: a multipotencialidade.

Na faculdade estudei oceanografia, nas horas vagas eu fazia curso de costura e aprendi crochê, bordado, tricô e outras artes manuais de maneira quase autodidata. Quando entrei no mestrado, os professores queriam que eu escolhesse uma das 3 áreas possíveis.  Bati o pé e disse que não, queria aprender um pouco das 3 áreas. Resultado:  fiz quase 3 vezes mais matérias do que era necessário. A fotografia veio na minha vida antes de tudo isso, mas se fortaleceu quando realizei meu sonho de trabalhar numa grande empresa e, com meu primeiro salário, comprei minha primeira DSLR digital.  Aí comecei a estudar fotografia landscape, de cachoeira, até de caverna...  fotografar pessoas veio depois.  Nessa mistura toda ainda tem cursos de arte, design gráfico, de interiores, de estampa, cool hunting, moda, tem até curso de mecânica automotiva...


Como uma pessoa que se interessa por diversas coisas poderia fazer uma coisa sempre igual todos os dias?


O mundo hoje quer que a gente seja o especialista extrovertido! Como a Carol introvertida multipotencial poderia sobreviver nesse mundo?


O que fazer?


Também não sei não!  Mas posso dizer o que eu fiz! Comecei olhar para mim, aceitar meu jeito de ser e buscar formas de viver bem com isso.

Comecei a encaixar métodos de trabalho com meu jeito de ser, e não me encaixar em métodos de trabalho que eu simplesmente não encaixo...


No começo as coisas foram difíceis. Transformei meu Instagram em um perfil + pessoal, tirei tudo que era relacionado à trabalho e deixei tudo que era relacionado a mim. O movimento caiu, a procura pelo meu trabalho diminuiu, mas a conexão com as pessoas aumentou e de alguma forma eu estava muito bem com aquilo. Hoje percebo que comecei a fazer isso antes de se tornar uma tendência.


Criei esse blog e passei a direcionar a criação de conteúdos para ele. Reparei que o Instagram é muito sobre o outro: impactar o outro, fazer o outro perceber o que você quer que ele perceba sobre você... Não tem nada de errado com isso. Os gurus de marketing e venda provavelmente estão certos em dizer que é tudo sobre o cliente.  Só que isso não funciona para mim...  Eu não queria me comunicar, eu queria me expressar e um blog, algo tão anos 2000, passou a fazer muito mais sentido para mim, como um diário pessoal.


Para não me sentir tão estranha no mundo comecei a buscar pessoas introvertidas e multipotenciais. Tem muito mais gente do que você possa imaginar... Muitas nem sabem... Li bastante sobre extrovertidos tentando curar introvertidos - tipo uma cura gay - e porque o mundo virou esse culto à extroversão. Escutei o Carvalhal falando para os multipotenciais buscarem a cola que cola tudo que a gente faz e se interessa. Acho que minha cola é buscar o significado e a beleza de tudo. E assim eu sigo buscando significado de mim e das coisas que faço. Ultimamente tenho me permito sumir e ser totalmente aleatória. Minha mala parece estar bem mais leve de se carregar.


Agora entra no meu Instagram e conta pra mim se isso fez algum sentido para você.